sexta-feira, 03/05/2024
Galeria da Garagem Avenida - Guimarães
No âmbito da exposição “Peças Desgarradas: a Origem dos
Materiais”, terá lugar no dia 3 de maio às 19h00 na Garagem Avenida, um
momento/uma performance com Sarah Shrbaji, designada “O percurso do Namalet:
Mapear para a urgência de reutilização no contexto de ruínas da guerra”.
Este momento gira em torno de uma reflexão durante e após o
workshop 'Peças Desgarradas: A origem dos materiais', em relação às ruínas da
guerra. A reflexão evoluiu para um processo de aprendizagem sobre o valor de
lugares esquecidos e a categorização desse valor com base no material e na
localização desse material. Quando a reutilização e a avaliação de danos
confrontam uma reação ao abandono, especialmente na sequência da destruição
massiva, seletiva e deliberada de um lugar (ou lugares). Uma história decorre
algures na Ghouta Oriental, na Síria, evoluindo para uma fuga migratória para
Portugal em 2015. Durante a fase inicial da fuga, o táxi, Saba Saipa, segue uma
rota errada para evitar um bloqueio militar, percorrendo um percurso rodeado
por ruínas de guerra durante 15 minutos. Para o migrante, o fugitivo, esses 15
minutos encapsulam as suas memórias da Síria. Até hoje, a mesma rota permanece
inalterada, como se congelado no tempo, como muitas outras na Síria. O percurso
do migrante, designado pelo termo Namalet (نملت)
no árabe informal sírio, reflete os seus sentimentos em relação àquela
paisagem. Namalet É uma expressão verbal em primeira pessoa usada para
descrever a sensação de entorpecimento emocional ou neutralidade em relação a
algo, um evento ou a vida em geral, frequentemente em resposta a uma acumulação
de eventos e dificuldades passadas. O termo tem origem na forma substantiva Tanmeel
(تنميل), que literalmente significa a sensação de
formigas no corpo, mas metaforicamente refere-se ao entorpecimento emocional.
Para traduzir este percurso, um momento de reflexão divide-se em duas partes:
um mapeamento de relações e uma performance.